Em Portal Gazeta do Votorantim – 19/01/2021 – 15:25
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Com o aumento do número de pessoas com perda auditiva ocorrendo, é importante saber o que os especialistas indicam para cuidar da audição da melhor maneira depois que se detecta esta condição. | ||
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O IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística) aponta que aproximadamente 10 milhões de brasileiros sofrem com perda auditiva e a OMS (Organização Mundial da Saúde) estima um aumento do quadro em todo o mundo, com cálculos chegando a 900 milhões de pessoas que podem desenvolver algum tipo de surdez até 2050. A perda auditiva abrange muitos graus, ou seja, é possível que a dificuldade para escutar seja considerada de grau leve, como pode se estender até o grau profundo, quando a maior parte ou toda a habilidade de ouvir os sons é perdida. Pesquisas científicas comprovam que a privação do sentido da audição é um dos aspectos que pode acelerar ou contribuir para quadros mais graves, inclusive demência na terceira idade. Além do mais, não ouvir bem compromete a qualidade de vida, aumentando o esforço na comunicação e podendo levar a fadiga, estresse e doenças relacionadas como depressão e ansiedade. A pergunta quando as pessoas se deparam com esses fatos geralmente é: o que fazer depois de descobrir uma perda auditiva? Em entrevista, a fonoaudióloga Ana Luiza Cavalieri Ferraz responde essa e muitas outras questões. – Pergunta: “A perda auditiva ainda é uma dificuldade que traz muitos preconceitos. Na sua experiência, como é a primeira reação das pessoas que descobrem que tem uma perda auditiva?” – Resposta: “A perda auditiva ainda é uma questão desconhecida e que traz muitas dúvidas ao ser constatada. Muitas pessoas quando descobrem, podem ter uma forte negação e até mesmo preconceito e rejeição ao diagnóstico. Por isso é muito importante que a população tenha acesso a informação de qualidade sobre as causas e riscos da perda auditiva, para que possam entender como se prevenir e quais são os tratamentos disponíveis no mercado. Hoje em dia, existem tecnologias facilitadoras para todo tipo e grau de perda auditiva, e quanto mais cedo a pessoa procurar ajuda e tratamento, melhor e mais rápido é o resultado.” – Pergunta: “Depois dessa reação inicial, quais os próximos passos que precisam ser tomados para o tratamento?” – Resposta: “Os conselhos federais de medicina e fonoaudiologia regulamentam que o primeiro passo a ser tomado é procurar um médico otorrinolaringologista ao perceber qualquer sintoma relacionado a perda auditiva. Em alguns casos, o médico otorrinolaringologista irá encaminhar o paciente para uma avaliação audiológica quando pode ser constatada a perda auditiva. Uma das possibilidades de tratamento para a perda auditiva é a indicação do uso do aparelho auditivo. Para que a pessoa possa utilizar um aparelho auditivo, ela deve levar a indicação médica para um fonoaudiólogo que trabalha com reabilitação auditiva e adaptação de aparelho auditivo. Temos esses profissionais tanto em clínicas particulares como no SUS.” – Pergunta: “Mas e para as pessoas que não gostariam que outras pessoas soubessem dessa dificuldade? É possível ter alguma solução que considere a estética?” – Resposta: “No mercado, atualmente, existem diversos modelos e tamanhos de aparelhos auditivos. Para os casos de perdas auditivas profundas que os aparelhos não tem mais potência suficiente para amplificação, existe a possibilidade do uso do implante coclear. Hoje em dia, com a nanotecnologia, os aparelhos e implantes são discretos e altamente funcionais, com conectividade com diversos dispositivos Bluetooth, como celular, televisão e etc. Isso torna o dia a dia dos usuários mais prático, fácil e traz uma maior aceitação ao uso de um dispositivo eletrônico para auxiliar a audição. Existem ainda aparelhos auditivos 100% invisíveis e que são de uso prolongado, ou seja, a pessoa não precisa tirar e colocar o aparelho no dia a dia e há muitos aparelhos auditivos hoje que são confundidos com dispositivos Bluetooth ou fones de ouvido, o que também ajuda nessa aceitação do usuário.” – Pergunta: “Por que os médicos e fonoaudiólogos enfatizam tanto o uso do aparelho? Tudo bem usar só nos momentos em que se sente dificuldade?” – Resposta: “A audição não acontece no ouvido e sim no cérebro. Isso significa que a falta de estimulação na região cerebral da audição traz dificuldade de compreensão do que é dito. Por isso, muitas pessoas que tem perda auditiva se queixam de que escutam o que a outra pessoa está falando, mas não conseguem entender. O uso frequente do aparelho auditivo faz com que o cérebro volte a ser estimulado e a compreensão do que está sendo dito fica mais fácil. Por isso, os médicos e fonoaudiólogos enfatizam tanto o uso do aparelho auditivo o máximo de tempo possível e não somente nos momentos de dificuldade e o acompanhamento pelo fonoaudiólogo, que é o responsável pela reabilitação dos distúrbios de audição e comunicação.” |