18/03/2021
Para prestar o melhor atendimento a pacientes portadores ou com suspeita de infecção pelo novo coronavírus, na terapia intensiva ou no ambiente hospital, o Departamento de Fonoaudiologia da Associação de Medicina Intensiva Brasileira (AMIB) publicou recomendações importantes. Ressaltamos que o teor do documento é de inteira responsabilidade da AMIB.
Os profissionais devem participar de todos os treinamentos realizados pelo SCCIH do seu hospital, lembrando que os treinamentos são contínuos e que estão em constante mudança; a organização deve disponibilizar fonoaudiólogos na quantidade de profissionais necessários para o atendimento aos pacientes suspeitos ou confirmados; se a equipe não for suficiente para prestar todos os atendimentos necessários, que a prioridade seja pautada na segurança dos pacientes, iniciando pelo grupo com diagnóstico negativo para COVID-19, seguido dos pacientes suspeitos e finalizando com os pacientes positivos; o planejamento da Assistência Fonoaudiológica deve ser formulado a partir da utilização de Protocolo Institucional de Broncoaspiração considerando a gravidade dos sintomas para garantir melhores critérios de elegibilidade e desfechos clínicos.
O telemonitoramento, segundo o documento, é o formato preferencial de atendimento; quando necessário, pode-se realizar uma entrevista presencial, desde que devidamente paramentado, com a finalidade de coleta de dados e observação do estado clínico para elencar os pacientes aptos à avaliação. A equipe multiprofissional deve reunir-se regularmente para determinar um melhor direcionamento clínico para a avaliação e tratamento dos pacientes com alteração da comunicação e/ou deglutição suspeitos e/ou positivos para COVID-19, seja para situações como exame clínico, manejo do paciente em uso de catéter nasal de alto fluxo, dependente de ventilação não invasiva, traqueostomizado, em adaptação de válvula de fala e deglutição unidirecional assim como para aqueles com necessidade de uso de dispositivos respiratórios (geradores de aerossóis) durante a terapia.
A equipe da AMIB frisa que é recomendado estimular a independência do paciente durante a alimentação, desde que haja segurança para esta atividade; recomenda a limpeza adequada de todos os equipamentos utilizados durante a avaliação e acompanhamento fonoaudiológico, conforme recomendação do CCIH e mantém a recomendação de dispensar em local sinalizado os alimentos não utilizados pelo paciente. Ainda, destaca que a terapia fonoaudiológica deve ser individualizada e pautada na evolução clínica diária de cada paciente, além de baseada nos critérios de segurança para evitar a disseminação e contágio da doença.
Considerando a necessidade de apoio visual durante a avaliação e terapia, é mantida a recomendação de utilizar métodos digitais e figuras plastificadas de fácil higienização de acordo com as diretrizes da CCIH para facilitar a comunicação entre terapeuta e paciente. O documento recomenda-se a discussão com a equipe multiprofissional sobre a necessidade de realização de exames complementares como a Videofluoroscopia da Deglutição, avaliação endoscópica da deglutição (FEES) e a laringoscopia flexível (com ou sem estroboscopia); mantém a sugestão de discutir o protocolo de higiene bucal diretamente com a equipe de odontologia e/ou de enfermagem da instituição, se possível, com base nas Recomendações AMIB/CFO para atendimento odontológico COVID- 19 (atualizadas em 25/03/2020).
Em relação à amamentação, é mantida a recomendação, caso a mãe seja COVID-19 positivo e esteja clinicamente estável com RN assintomático, do incentivo ao início ou continuidade, se desejo materno, utilizando máscara de proteção e higienização de mãos conforme as diretrizes da Organização Mundial da Saúde (OMS). Considerando o atendimento fonoaudiológico com pacientes neonatais e pediátricos, embora saiba-se que apresentam risco menor de desenvolver a forma grave da doença, as recomendações para atendimento ao paciente com diagnóstico suspeito ou confirmado de COVID-19 devem seguir aquelas já descritas previamente neste documento. Finalmente, o documento destaca que o fonoaudiólogo deve incentivar a continuidade ao tratamento fonoaudiológico de forma domiciliar ou ambulatorial, caso o paciente apresente queixas de cunho fonoaudiológico.