O Encontro da Comunicação Humana, evento científico promovido pelo CREFONO1 em parceria com instituições de ensino para celebrar o Dia do Fonoaudiólogo, se propõe a debater temas contemporâneos e inovações dentro da Fonoaudiologia. Além de cumprir esse papel, o E-Fono 2019 foi além: provocou o encontro de gerações e emocionou a todos com apresentações de corais e homenagens a profissionais que contribuíram para o crescimento da profissão no Rio de Janeiro.
A sexta edição do encontro aconteceu dia 9 de dezembro, no auditório da Universidade Veiga de Almeida, campus Tijuca, no Rio de Janeiro. Acadêmicos de diversos períodos da Fonoaudiologia da UVA deram apoio ao evento, seja na recepção, seja atrás do palco, estreitando, desde a faculdade, os laços com seu Regional.
A estudante Mairysse Leandro, 4º período de Fonoaudiologia da UVA, não ficou na comissão de apoio. Preferiu assistir as mesas de debate: “A gente se atualiza, aprende coisas diferentes e sai daqui com mais conhecimento”, justificou ela. Já Virgínia Schell (CRFa 1-6866-3), que acabou de se transferir para a 1ª Região, participou do E-Fono para comemorar o Dia do Fonoaudiólogo “entendendo mais sobre as redes do Rio de Janeiro”. “Algumas coisas me assustam, como a remuneração em home care, mas outras vêm me surpreendendo positivamente”, disse ela, que encontrou um conhecido, Marcelo Ferreira (CRFa 7-10134), na ocasião. Marcelo estava a passeio no Rio e decidiu “aproveitar a oportunidade”.
As amigas Heloísa Mello (CRFa 1-2350) e Andrea Hummel (CRFa 1-6593-2) vieram comemorar os 20 anos de profissão e de parceria na Fonoaudiologia no IV Encontro da Comunicação Humana e se emocionaram em diversos momentos. Já Laura Kaltman, que veio prestar vestibular para Fonoaudiologia na UVA naquele dia, resolveu dar “só uma passadinha”. “Já já começa a prova. Preciso me concentrar. Tomara que eu entre”, vibrou ela.
Ao lado da coordenadora do curso de graduação de Fonoaudiologia da Universidade Veiga de Almeida, Fabricia Lois, a presidente do CREFONO1, Esther Araújo, abriu o encontro. “Foi com muito carinho que preparamos esse presente para vocês. Vamos trocar experiências e conhecimento”, disse. A conselheira Rosangela Mendonça representou o Conselho Federal de Fonoaudiologia.
O Coral de Acadêmicos de Fonoaudiologia da UVA participou da abertura e encantou.
A mesa “Atuação Fonoaudiológica no Autismo” abriu o debate, com exibição do curta metragem “Vinícius, Vinícius”, da cineasta Fran Mattoso, premiado como melhor documentário, melhor fotografia e melhor direção no Bali Film Awards. Com moderação da conselheira Marcela Alves, a fonoaudióloga Carolina do Carmo, especialista em Linguagem, e Lucia Anglada, coordenadora do Mopam (Motivados pelo Autismo Macaé) discutiram o tema a partir de suas experiências, quer seja no Centro de Atendimento Clínico de Itaperuna, onde Carolina trabalha, quer seja no apoio a famílias de autistas de Macaé, tarefa do Mopam.
“O manhês favorece as trocas comunicativas. Mas, no autismo, a criança só gosta de receber. Precisamos utilizar métodos que estimulam o envolvimento, porque o afeto favorece e modifica a percepção sensorial e o desenvolvimento da criança”, ensina Carolina do Carmo, coordenadora de Fonoaudiologia da UniRedentor. Já Lucia Anglada, mãe do Lucas, não verbal severo, afirmou que quando você começa a trabalhar com autismo, você se apaixona. “Quer saber tudo e saber cada vez mais, para impulsionar que outros aprendam”, completou.
A segunda mesa falou sobre tecnologia na habilitação e reabilitação do surdo, com mediação da conselheira Priscilla Galindo. A fonoaudióloga Thamirez do Val Bello, responsável pelo suporte e treinamento de Reabilitação Auditiva da Med-EL do Brasil, apresentou novos dispositivos, como um não cirúrgico que pode ser uma alternativa inovadora aos dispositivos de condução óssea (saiba mais). Maria Izabel Kós, chefe do Serviço de Fonoaudiologia no Hospital Universitário Clementino Fraga Filho (UFRJ), ressaltou que 460 milhões de pessoas no mundo têm perda auditiva incapacitante e analisou o implante coclear. “Para indicação do implante, é importante avaliação de equipe multiprofissional, que envolve fonoaudiólogo, psicólogo, assistente social, otorrino, entre outros, para uma avaliação completa. É um processo complexo”, admitiu. E a ativista Paula Pfaifer, criadora do projeto Surdos que Ouvem, lembrou que a tecnologia vem dando passos largos. “A tecnologia na assistência à surdez deu um salto e precisamos acompanhar”.
Livro, live e muito mais
No intervalo, teve tarde de autógrafo do livro “Confissões Maternas”, da fonoaudióloga Ana Paula Viana e da produtora de conteúdo Fernanda Curado, Editora Cassará, que fala sobre as experiências das duas como mães. “Me senti gratamente surpresa pelo convite, porque este não é um livro técnico. O Conselho me viu além de fonoaudióloga; me viu como mãe, empreendedora, como pessoa. Todos nós somos multifacetados e o Conselho valorizou isso. Amei”, confessou.
Também teve transmissão ao vivo pelo Facebook, com os conselheiros Victor Veríssimo e Gisele Stumpf conversando com Claudia Mourão sobre comunicação não violenta e comunicação assertiva, visitação aos estandes de apoiadores, como a Med-EL do Brasil e Egali Intercâmbio e apresentação de trabalhos científicos.
De volta aos debates, com mediação da conselheira Ana Soraya, as fonoaudiólogas Alessandra Herdy e Viviane Fontes e o adestrador de cães Alexsandro Belmonte apresentaram ao público as vantagens de utilizar animais como recurso terapêutico na terapia fonoaudiológica. Viviane Fontes levou a cadela Nina, sua parceira de trabalho, e apresentou várias experiências exitosas, onde “incluir o cão na terapia rompeu barreiras”.
“A Terapia Assistida por Animais favorece a formação de vínculo entre paciente e terapeuta. A interação com o cão pode contribuir para diminuir sintomas ligados a ansiedade, ajudando a melhorar o estresse e aumentando a colaboração”, garantiu Alessandra Herdy. Mas Alexsandro Belmonte frisou que não é qualquer animal que pode ser aproveitado na terapia. “É preciso treinar esse animal para a tarefa que ele irá cumprir. Cães se adaptam à função melhor que gatos, por exemplo”, contou o policial militar especializado em adestramento de cães.
E a última mesa da sexta edição do E-Fono apresentou um painel sobre atuação fonoaudiológica na Oncologia e Terapia Intensivista, com moderação da conselheira Simone Braga. Os fonoaudiólogos Guilherme Maia Zica (Instituto Nacional do Câncer), Débora Cristine Lopes Lima (Hospital Estadual Getúlio Vargas e presidente do Departamento de Fonoaudiologia da Sotierj) e Carolina Maria Dias (Hospital Estadual Adão Pereira Nunes e membro da Fonoaudiologia da Sotierj) trouxeram as experiências de sua rotina de trabalho para o debate e apresentaram as legislações que salvaguardam a presença da Fonoaudiologia nas UTIs.
“O tumor está mais prevalente e atinge pessoas cada vez mais jovens. Graças à tecnologia, elas vivem mais. Mas sobreviver não é mais o suficiente. Elas querem qualidade de vida e isso impacta na nossa profissão. Nós temos como inserir esses indivíduos numa rotina mais plural e qualitativa e os médicos começaram a entender isso, que a Fonoaudiologia é necessária, até porque os pacientes interagem melhor com o fonoaudiólogo do que com o médico”, alertou Guilherme Zica.
Sorteios de presentes entre os participantes foi uma constante entre as mesas de debate. Mas o maior presente foram as homenagens pela contribuição para o crescimento da Fonoaudiologia no Rio de Janeiro a profissionais como Abigail Caraciki, Rosa Maria Ramos e Ruth Bompet, que enviou a irmã Marilena Bompet para receber a honraria em seu nome, já que se encontrava na ocasião fora do país, em curso de especialização. As fonoaudiólogas Maria da Gloria Beuttenmulller e Regina Goes Jakubovicz também receberam a homenagem e justificaram as ausências.
Veja os discursos emocionados de Abigail Caraciki e Rosa Ramos.
O Coral de Laringectomizados do INCA fechou o evento, emocionando a todos, mais uma vez. Dezenas de latas e leite em pó foram doadas pelos participantes ao projeto INCAvoluntário. E um bolo comemorativo, cortado em conjunto por Abigail Caraciki e a presidente Esther Araújo, encerrou a festa.
Por Rose Maria S. Alves, Assessoria de Imprensa
Em 19 de dezembro de 2019
Fotos: Rose Maria S. Alves e Viviane Fontes