Para um auditório lotado de profissionais e estudantes de Fonoaudiologia, o CREFONO1 promoveu no último dia 24 de outubro o Fórum de Gagueira 2016, dentro da Campanha Nacional de Gagueira do Sistema de Conselhos Federal e Regionais de Fonoaudiologia. O encontro aconteceu na sede do CRFa1 e reuniu como palestrantes as fonoaudiólogas Leila Nagib (CRFa 1-2807) e Natália Oliveira (CRFa 1-14204) e a psicóloga Ana Lucia Siqueira Di Blasi.
O enfoque do Fórum foi “Gagueira não tem graça. Tem Tratamento!”. A abertura foi feita pela presidente do CREFONO1, Lucia Provenzano (CRFa1-1700), que desejou uma boa troca de experiências e aprendizado a todos.
Leila Nagib, professora da Disciplina de Transtorno de Fluência no Curso de Fonoaudiologia da Faculdade de Medicina da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), abordou o tema “Gagueira e Bullying”, pesquisa em andamento na UFRJ que analisa sua correlação com problemas de aprendizagem. “A gagueira não começa depois dos 12 anos. Ou a pessoa não soube da disfluência que teve ou não foi corretamente diagnosticada. Também não é um problema de cognição, ou de causa psicológica ou emocional, como ansiedade. E, sem dúvida, crianças com problemas de linguagem são mais propensas a sofrer bullying”, atestou Leila Nagib.
A coordenadora do Ambulatório de Fluência do Instituto de Neurologia Deolindo Couto/UFRJ explicou que a gagueira tem várias causas, como a genética, que provocam ranhuras na substância branca do cérebro. “Com a terapia fonoaudiológica, esses caminhos são revistos e acelerados. Quanto antes começarmos, melhor”, assegurou Leila Nagib. E garantiu que, em média, com um ano e meio de tratamento, o gago adulto não deixa de ser gago, o que nunca aconteceu, até agora, mas melhora muito sua fluência.
A psicóloga Ana Lucia Di Blasi, responsável pelo Programa de Autismo da Coordenadoria de Educação Especial do Município de Duque de Caxias, aprofundou o tema iniciado por Leila Nagib, falando sobre Gagueira, Bullying e Emoção – Características e Possíveis Mediações. “Falar de bullying é falar de dor. Os familiares e a comunidade escolar devem prestar atenção, tanto em quem sofre como em quem pratica bullying”, ressaltou.
Ana Lúcia explicou que existem várias formas de bullying, como o físico, onde a vítima realmente sofre agressão física, mas também o verbal, social, relacional e cyberbullying, que acontece pela internet. “O fenômeno não escolhe classe social ou econômica, escola pública ou privada, ensino fundamental ou médio. Deve haver sentimentos contrastantes entre a criança que pratica o bullying e seu alvo. A criança que o pratica pode se sentir poderosa ou achar graça do episódio, enquanto aquele que sofre bullying se sente amedrontado, embaraçado ou ferido”, constatou, para depois enumerar várias formas de identificar sinais do problema e seus aspectos psicológicos. E concluiu dizendo que mudar de escola não é a melhor solução, e sim prevenir, intervir e restaurar as relações escolares ou sociais.
Já a fonoaudióloga Natália Oliveira, pesquisadora do ELO/UFRJ (Projeto de Escrita, Leitura e Oralidade da Universidade Federal do Rio de Janeiro) analisou o “Processamento Auditivo Central e Gagueira”. São as experiências com o processamento auditivo que vão permitir que alguém fale e ouça e estudos mostram que o processamento auditivo é diferente entre fluentes e disfluentes. “Trabalhar as habilidades auditivas ajudam no tratamento da Gagueira”, ensinou.
Uma Roda de Conversa entre as palestrantes e os participantes do Fórum encerrou a programação. O presidente da Associação Brasileira de Gagueira do Rio de Janeiro (ABRA Gagueira-RJ), Daniel Barbosa, participou das discussões, que proporcionaram troca de experiências e esclarecimento de dúvidas. “Quem não entende, não atende. É preciso entender para atender bem”, disse Daniel Barbosa, que vem produzindo o documentário “A Voz do Gago”, que relata vivências dos gagos em todo o país.
O professor da Universidade Veiga de Almeida, Reynaldo Gomes Lopes (CRFa1-6914), levou um grupo de alunos do 2º ao 5º período do curso de Fonoaudiologia da UVA para acompanhar os debates. E a representante municipal de Niterói, Lucienne Souza (CRFa1-10977), propôs parceria entre a UFRJ e a Secretaria de Educação de Niterói para orientar professores para melhor lidar com alunos gagos, no que foi prontamente ouvida por Leila Nagib.
Por Rose Maria, Assessoria de Imprensa.